segunda-feira, 30 de setembro de 2013

CULTURA INDIGENA

Uiara (Yara ou Iara) - a rainha das águas

A jovem Tupi Uiara era a mais formosa mulher das tribos que habitavam ao longo do Rio Amazonas. Por sua doçura, todos os animais e plantas a amavam. Mantinha-se, entretanto, indiferente aos muitos admiradores da tribo. Em uma tarde de verão, após o Sol se pôr, Uiara permanecia no banho, quando foi surpreendida por um grupo de homens estranhos. Sem condições de fugir, a jovem foi agarrada e amordaçada. Acabou por desmaiar, sendo violentada e atirada ao rio. O espírito das águas transformou o corpo de Uiara em um ser duplo. Continuaria humana da cintura para cima, tornando-se peixe no restante. Uiara passou a ser uma sereia, cujo canto atrai os homens de maneira irresistível. Ao verem a linda criatura, eles se aproximam e são arrastados para as profundezas, de onde nunca mais voltarão.

Mandioca - o pão indígena

Mara era uma jovem índia, filha de um cacique, que vivia sonhando com o amor e um casamento feliz. Certa noite, Mara adormeceu na rede e teve um sonho estranho. Um jovem loiro e belo descia da Lua e dizia que a amava. O jovem, depois de lhe haver conquistado o coração, desapareceu de seus sonhos como por encanto. Passado algum tempo, a filha do cacique, embora virgem, percebeu que esperava um filho. Para surpresa de todos, Mara deu à luz uma linda menina, de pele muito alva e cabelos tão loiros quanto a luz do luar.
Deram-lhe o nome de Mandi (ou Maní) e na tribo ela era adorada como uma divindade. Pouco tempo depois, a menina adoeceu e acabou falecendo, deixando todos amargurados. Mara sepultou a filha em sua oca, por não querer separar-se dela. Desconsolada, chorava todos os dias, de joelhos diante do local, deixando cair leite de seus seios na sepultura. Talvez assim sua filha voltasse à vida, pensava. Até que um dia surgiu uma fenda na terra de onde brotou um arbusto.
A mãe se surpreendeu. Talvez o corpo da filha desejasse dali sair. Resolveu então remover a terra, encontrando apenas raízes muito brancas, como Mandi (Maní), que, ao serem raspadas, exalavam um aroma agradável. Todos entenderam que criança havia vindo à Terra para ter seu corpo transformado no principal alimento indígena. O novo alimento recebeu o nome de Mandioca, pois Mandi (Maní) fora sepultada na oca.

Vitória-régia (ou mumuru) – a estrela dos lagos
Maraí era uma jovem e bela índia, que amava muito a natureza e tinha o hábito de contemplar chegada da Lua e das estrelas. Nasceu nela, então, um forte desejo de se tornar uma estrela. Perguntou ao pai como surgiam aqueles pontinhos brilhantes no céu e, com grande alegria, soube que Jacy, a Lua, ouvia os desejos das moças e, ao se esconder atrás das montanhas, transformava-as em estrelas. Muitos dias se passaram sem que a jovem realizasse seu sonho. Maraí resolveu, então, aguardar a chegada da Lua junto aos peixes do lago. Assim que ela apareceu, Maraí, encantada com sua imagem refletida na água, foi sendo atraída para dentro do lago, de onde nunca mais voltou. A pedido dos peixes, pássaros e outros animais, Maraí não foi levada para o céu. Jacy transformou-a em uma bela planta aquática, que recebeu o nome de vitória-régia (ou mumuru), a estrela dos lagos.

Guaraná – a essência dos frutos

Aguiry era um alegre indiozinho, que se alimentava somente de frutas. Todos os dias saía pela floresta à procura delas, trazendo-as num cesto para distribuir entre seus amigos. Certo dia, Aguiry se afastou demais da aldeia e se perdeu na mata. Jurupari, o demônio das trevas que tinha corpo de morcego, bico de coruja e também se alimentava de frutas, vagava pela floresta quando encontrou o índio não hesitou em atacá-lo. Os outros índios encontram Aguiry morto ao lado de um cesto vazio. Tupã, o deus do bem, ordenou que retirassem os olhos da criança e os plantassem sob uma grande árvore seca. Seus amigos deveriam regar o local com lágrimas, até que ali brotasse uma nova planta, da qual nasceria o fruto que conteria a essência de todos os outros, deixando mais fortes e mais felizes aqueles que dele comessem. A planta que brotou dos olhos de Aguiry possui sementes em forma de olhos e recebeu o nome de guaraná.

Curupira

Trata-se de um ser do tamanho de uma criança de seis ou sete anos, peludo como o bicho preguiça, de unhas compridas e afiadas, com o calcanhar para frente e os dedos dos pés para trás, que anda nu pela floresta. Ele toma conta da mata e dos animais e mora nos buracos das árvores que tem raízes gigantescas, muito comuns na Floresta Amazônica. O curupira ajuda os caçadores e os pescadores que lhe oferecem cachaça, fósforo e fumo. Esta oferta é para que o indivíduo tenha fartura nas caçadas, pescarias e roçados. As pessoas que não têm devoção pelo curupira sentem medo, enjôo e náuseas a quilômetros de distância dele. Com essas pessoas, ele brinca fazendo com se percam na mata. Para se livrar do curupira deve-se cortar uma vara, fazer uma cruz e colocar em um rolo de cipó tumbuí, bem apertado. Ele vê esse objeto e procura desmanchar o enrolado. Enquanto fica entretido em desmanchar o enrolado, a pessoa tem tempo para fugir.

Uirapuru

Certa vez um jovem guerreiro apaixonou-se pela esposa do grande cacique, mas como não podia se aproximar dela pediu a Tupã (Lua) que o transformasse em pássaro. Tupã fez dele um pássaro de cor vermelho-telha, que toda noite ia cantar para sua amada. Quando cacique notou seu canto tão lindo e fascinante, perseguiu a ave para prendê-la só para si. O uirapuru voou para bem distante da floresta e o cacique que o perseguia, perdeu-se dentro das matas e igarapés e nunca mais voltou. O lindo pássaro volta sempre, canta para a sua amada e vai embora, esperando que um dia ela descubra seu canto e seu encanto.

Caipora

Trata-se de um menino de pele escura, pequeno e rápido, cabeludo e feio, que fuma cachimbo, e tem a função de proteger os animais da floresta, os rios e as cachoeiras. Vive sondando as matas montado em um porco, sempre com uma longa vara na mão. Quando o caçador se aproxima o caipora pressente sua chegada através do vento que lhe agita os cabelos. Então sai a galope em seu porco fazendo barulho para espantar veados, coelhos, capivaras e outros animais de caça. Às vezes, o caçador, sem ver direito, corre atrás do próprio caipora que montado em seu porco faz zigue-zague pelo mato até perder-se de vista.
(*Fontes Funai e Fundação Joaquim Nabuco)

Lenda da Erva Mate

          Era sempre a mesma coisa: a tribo derrubava um pedaço de mata, plantava mandioca e o milho, mas depois de quatro ou cinco anos a terra se exauria e a tribo precisava emigrar à terra além. Conta a lenda que um velho guerreiro carijó cansado de tais andanças e não  podendo  mais  caçar  nem guerrear devido à sua avançada idade e à doença, recusou a seguir adiante e preferiu quedar-se na tapera. A mais jovem  de  suas filhas a Yari ficou entre dois corações: seguir adiante, com  os  moços  de  sua tribo, ou ficar na solidão, prestando arrimo ao ancião até que a morte  o  levasse. Ela ficou com seu velho pai, isso entristecia muito o velho índio, pois sua filha Yari não tinha contato com outras jovens de sua idade porque ficava lhe fazendo companhia e não seguiu com a tribo.
Um dia, quando o velho estava só com a filha, apareceu um estranho guerreiro, vindo de muito longe, pedindo pousada. Dias após, o viajante que ficara amigo do velho índio contou que era um pajé enviado de Tupã e perguntou-lhe: - o que te falta, meu bom amigo? E o velho disse que gostaria de ter companheiro cheio de paciência, que nada criticasse e que o distraísse em sua velhice. Que lhe desse a força do calor que tem a amizade das mãos amigas. Só assim poderia deixar Yari em liberdade para seguir a sua vida.
O enviado de Tupã respondeu que então vou lhe dar uma planta muito verde para  que você colha as folhas e seque-as ao fogo , triture-as e coloque  dentro  de um catuto, acrescentando água quente ou fria e beba esta infusão.
        "Nesta bebida nova, você achará uma companhia saudável, até mesmo nas horas tristes da solidão". Foi assim que nasceu a bebida caá-y que os brancos mais tarde adotaram com o nome de chimarrão.   E também vou premia-lo pela generosidade de sua acolhida, tornando imortal, sua  bela  e inocente filha, a quem você quer tanto. Assim a jovem carijó Yari, foi transformada na árvore da erva-mate ( caá-yari ),    que  desde  então  existe e por mais que a cortem, sua folhagem volta a    brotar  e a florir sempre mais vigorosa, permanecendo eternamente jovem.
Depois disto o misterioso pajé foi embora.  Caá-Yari tornou-se a deusa dos ervais protegendo suas selvas, favorecendo os ervateiros,   abreviando   seus  caminhos ,  diminuindo-lhes  o  peso  dos  feixes  e    mitigando-lhes a árdua e cansativa jornada de trabalho nos ervais.
(Lenda indígena)
       
Lenda da Lua


                A lenda indígena da Lua, conta que Manduka namorava sua irmã. Todas as noites ia deitar-se com ela, mas não mostrava o rosto    e  nem  falava ,  para  não  ser identificado. A irmã, muito curiosa, tentando descobrir quem era que deitava com ela, passou tinta de jenipapo no rosto de Manduka. Ele ao levantar-se pela manhã lavou o rosto, porém as marcas da  tinta  não  saiu.  Foi assim que ela  descobriu com quem deitava-se. Ficou muito brava, com muita vergonha e chorou muito. Manduka também ficou com vergonha, pois todos ficaram sabendo o que ele tinha feito. Então Manduka subiu numa árvore que ia até o céu.  Depois desceu para dizer a sua tribo que ia voltar para árvore e não desceria nunca mais. Levou com ele uma cotia pra não sentir-se muito só. Foi assim que Manduka virou a lua. E é por isso que a lua tem manchas escuras, umas são por causa da tinta de jenipapo  que  a irmã passou em seu rosto e as outras manchas na lua  é a cotia que ele levou, comendo um coco.
(Lenda indígena )
       






Lenda do Sol

Para os índios o sol era gente e se chamava KUANDÚ. Kuandú tinha três filhos: um é o sol que aparece na seca; o outro, mais novo, sai na chuva e o filho do meio ajuda os outros dois quando estão cansados.
Há muito tempo um índio teria comido o pai de kuandú. Por isso este queria se vingar. Uma vez Kuandú estava muito bravo e foi para o mato pegar coco.  Lá encontrou o índio em uma palmeira inajá.
Kuandú disse que ele ia morrer, mas o índio foi mais rápido acertando-o com um cacho de coco na cabeça. Foi aí tudo escureceu. As crianças começaram a morrer de fome porque o índio não podia trabalhar na roça e nem pescar, pois estava tudo escuro. A mulher de Kuandú mandou o filho sair de casa e ficou claro de novo. Mas só um pouco porque era muito quente para ele. O filho não aguentou e voltou para casa. Escureceu de novo. E assim ficaram os 3 filhos de Kuandú entrando e saindo de casa. Portanto , quando é sol forte , é o filho mais velho que está fora de casa. Quando é sol mais fraco é o filho mais novo. O filho do meio só aparece quando os irmãos ficam cansados.
                         (Lenda indígena )
        Pesquisa - Velho Bruxo